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Festas em Honra de Nossa Senhora da Nazaré - Enxara do Bispo

  • Foto do escritor: EMEB
    EMEB
  • há 5 dias
  • 5 min de leitura
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A Enxara do Bispo recebe, de 12 a 21 de Setembro de 2025, as Festas em Honra de Nossa Senhora da Nazaré, um dos momentos mais aguardados do Círio da Prata Grande. Durante dez dias, a freguesia enche-se de fé, música, procissões, concertos, bailes e fogo de artifício, e celebra assim uma tradição que regressa apenas a cada 17 anos.




Datas e Programação Principal


As festas vão decorrer de 12 a 21 de Setembro de 2025.


O momento alto será a Serenata de Louvor a Nossa Senhora da Nazaré – “Em Canto e Fé”, no dia 17 de Setembro, com a estreia de uma obra musical criada especialmente para este acontecimento e cedida à Confraria do Círio da Prata Grande.


O cartaz e os detalhes do evento estão também anunciados nas páginas oficiais no Facebook e Instagram.




Programa Típico (Resumo por Dias)*



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A Serenata de Louvor “Em Canto e Fé”


No programa das Festas em Honra de Nossa Senhora da Nazaré, que a Enxara do Bispo celebra entre 12 e 21 de Setembro de 2025, o dia 17 de Setembro está reservado para a Serenata de Louvor a Nossa Senhora da Nazaré – “Em Canto e Fé”, apontada como o ponto alto das celebrações.


Este concerto de carácter religioso e devocional terá a estreia absoluta de uma obra musical inédita, composta especialmente para a ocasião. O autor cedeu a obra à Confraria do Círio da Prata Grande, gesto que lhe confere um lugar permanente na tradição.


O título escolhido, “Em Canto e Fé”, resume o propósito do evento: transformar a música em expressão de devoção, unir a comunidade em torno da sua padroeira e reforçar a continuidade de um culto que atravessa gerações.


Com este momento, a Enxara do Bispo acrescenta à edição de 2025 das festas um contributo original que ficará ligado à memória do Círio da Prata Grande, por forma a renovar a tradição com uma criação destinada a permanecer.




O Círio da Prata Grande e as Festas de Nossa Senhora da Nazaré na Enxara do Bispo



Um ciclo de 17 anos que une freguesias


Estas festas integram-se no Círio da Prata Grande, uma tradição com mais de três séculos. O rito percorre 17 freguesias da região Oeste — treze em Mafra, três em Sintra e uma em Torres Vedras. A imagem de Nossa Senhora permanece um ano em cada freguesia, entre Agosto e Setembro, e completam assim um ciclo que dura 17 anos.


Antes de a entregar à freguesia seguinte, cada comunidade organiza uma peregrinação ao Santuário da Nazaré. É esta deslocação que se chama círio, pois nela deixa-se uma grande vela de cera a arder até ao ano seguinte.



Etimologia da expressão “Círio da Prata Grande”


A palavra “círio” provém do latim cereus e designa uma vela grande de cera. É este o símbolo que caracteriza a peregrinação anual: cada freguesia leva o seu círio ao Santuário da Nazaré, onde a vela é deixada como sinal da devoção da comunidade, permanece santuário até à peregrinação seguinte..


A expressão “Prata Grande” está associada ao vasto conjunto de peças em prata que, ao longo dos séculos, foram oferecidas no âmbito desta devoção. Trata-se de insígnias processionais, alfaias litúrgicas, ex-votos e outros objectos de grande valor artístico e religioso, que ficaram conhecidos como a “Prata Grande” das irmandades de Mafra.


O termo “Grande” sublinha não só a imponência desse espólio devocional, como também a importância desta prática no contexto regional. O nome distingue esta tradição de outros círios locais, mais restritos, que nunca assumiram dimensão semelhante.



Festa dos velhos e festa dos novos


Em teoria, cada freguesia organiza duas festas complementares:

  • A festa dos velhos (casados), que assinala a despedida da imagem.

  • A festa dos novos (solteiros), que garante a recepção futura, assumindo o compromisso de preparar a festa 17 anos depois.


Este modelo assegura a participação activa de todas as gerações e a continuidade da tradição.



Origens: o voto de João Manuel


O Círio da Prata Grande tem origem num voto feito por João Manuel, da freguesia de Igreja Nova, entre 1658 e 1662. Após a cura de sua esposa, iniciou a prática de peregrinar à Nazaré, levando uma bandeira que permanecia na igreja local até ao ano seguinte.


Em 1732, o rito foi oficializado por provisão do Cardeal-Patriarca D. Tomás de Almeida, e ganhou assimm enquadramento canónico. Ao longo da história, a comissão de honra em Mafra chegou a ter como presidentes reis de Portugal e até chefes de Estado, o que demonstra o prestígio da tradição.



Um culto com raízes medievais - D. Fuas Roupinho


A devoção a Nossa Senhora da Nazaré remonta à Idade Média e está ligada a um dos episódios mais célebres da tradição mariana portuguesa. A 14 de Setembro de 1182, o cavaleiro D. Fuas Roupinho, alcaide de Porto de Mós, perseguia um veado junto às falésias da Nazaré quando, envolto em nevoeiro, se viu prestes a cair no precipício. No último instante invocou a Virgem e o cavalo travou miraculosamente à beira do abismo. Em memória do acontecimento, mandou erguer no local a pequena Ermida da Memória, onde passou a venerar-se uma antiga imagem de Nossa Senhora com o Menino, de origem oriental, que segundo a tradição teria chegado à Península Ibérica no século VIII, trazida por monges vindos de Mérida.


O culto cresceu ao longo dos séculos e, em 1377, o rei D. Fernando mandou construir o Santuário da Nazaré, dando forma oficial a uma devoção já profundamente enraizada na região. A conjugação entre a lenda do milagre, a presença da imagem considerada milagrosa e o novo santuário transformaram a Nazaré num dos mais importantes centros de peregrinação do país, atraindo fiéis de várias partes do reino.


Foi deste contexto medieval e da expansão da devoção que, séculos mais tarde, surgiria o Círio da Prata Grande, expressão comunitária organizada a partir do século XVII, que viria a perpetuar e renovar o culto da Senhora da Nazaré através das procissões, peregrinações e festas realizadas nas freguesias do Oeste.



A Enxara do Bispo no Círio da Prata Grande


Quando recebe a imagem, a Enxara do Bispo transforma-se. As igrejas enchem-se, as ruas ganham vida, as casa são pintadas, os arraiais animam noites inteiras. A fé cruza-se com a festa popular, num convívio que reúne vizinhos, famílias e visitantes.


Integrada na União das Freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário, a localidade volta a assumir em 2025 o papel de guardiã da imagem, e reforça desta forma a ligação entre tradição e identidade comunitária.



Património imaterial


O Círio da Prata Grande é religião, mas também é cultura e memória. A vela que permanece acesa no santuário é o elo de continuidade. A divisão entre velhos e novos garante a passagem de testemunho. E a festa, vivida em cada freguesia, une gerações num ciclo que atravessa séculos.


Trata-se de uma tradição colectiva, um património imaterial que continua a dar sentido à identidade do Oeste português.



Fontes e Bibliografia


  • PENTEADO, Pedro, A Senhora da Berlinda – Devoção e Aparato do Círio da Prata Grande à Virgem de Nazaré, Mar de Letras Editora.


  • PINTO, Maria José Passos, Nossa Senhora da Nazaré: Círio da Prata Grande, Mafra, 1984.

  • VILHENA, A., Nossa Senhora da Nazaré do Círio da Prata Grande: história e lenda: Mafra 1959-60, Mafra: Comissão de Festas de Nossa Senhora da Nazaré, 1959.



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